Voltando a atualizar pelo menos um pouquinho.....
Direção Geral: Paulo Afonso de Lima
ELENCO
Charles Romuald Gardès nasceu oficialmente em Toulouse na França. O termo "oficialmente" é aqui usado, pois estudos recentes afirmam que os boatos que corriam nos anos trinta, sobre uma possível nacionalidade uruguaia, não deixam de fazer algum sentido. Aliás, até os dias de hoje, cartórios uruguaios, bolivianos, colombianos e até chilenos têm recebido constantes visitas de estudiosos e pesquisadores. Mas o que dizia Gardel quando perguntado sobre isso? "Nasci aos dois anos e meio de idade, quando cheguei em minha cidade: Buenos Aires".Isto foi em 1893, acompanhado de sua mãe Bertha Gardès (pai desconhecido). Cresceu nos arredores do Mercado de Abastos (hoje um grande shopping center). Moleque de rua, pobre, mas com muita saúde, o pequeno Charles (que por conta propria tinha se transformado em "Carlos") dava muito trabalho à "Policia de la Capital Federal", por seus constantes furtos de frutas, doces, sapatos, chapéus, produtos alimentícios e até mesmo um fraque completo nas variadas lojas do local.Mas sua paixão sempre foi o canto. Frequentou, desde muito jovem, vários cabarés portenhos, que o deixavam beber uma taça de vinho em troca de meia duzia de canções, todas típicas da provincia (o som que os argentinos dos pampas amavam) e que até hoje formam uma facção bem expressiva dentro da musica popular que se faz no país. Entre esses estabelecimentos estão: o Cafe O'Rondemann, El Pelado e o quase prostíbulo da lendária Maria La Vasca, que tinha no seu pequeno bar, nos fundos da casa, um palquinho para que os frequentadores, além de outros prazeres, pudessem cantar.Em 1911 conhece José Razzano e forma com ele uma dupla, sendo ambos imediatamente contratados pela ODEON da Argentina. Em 1912, junta-se aos dois o hoje famoso maestro Francisco Canaro. O repertorio continuava o mesmo: as canções do interior, que o público, aos poucos, preteria em troca de um ritmo relativamente novo, que se espalhava por Buenos Aires, vindo do porto, trazido por imigrantes de vários cantos, que em "La Boca" - o bairro mais portenho do mundo como se costuma dizer - era cantado e dançado pela madrugada. Mas Gardel, que não tinha medo de nada, parecia temer alguma coisa inexplicável, continuando fiel ao seu estilo de "Cancion Típica", apresentando-se com Razzano de ponche, botas, bombachas e o inconfundível chapeu de gaúcho.Em 1915 (poucos brasileiros sabem disso) vem ao Brasil e aqui conhece o seu maior ídolo: Enrico Caruso. Do Brasil segue para o Chile, até que, em 9 de abril de 1917, se arrisca a cantar finalmente um TANGO: "Mi Noche Triste", de Samuel Castriota e Pascual Contursi. Desfaz, então, a dupla com Razzano (que se torna seu empresário) e em menos de três meses era o cantor mais popular do país.Viaja para Paris para, além de recitais, fazer seu primeiro filme para a Paramount francesa: "Luces de Buenos Aires", dirigido ao público da Espanha, dos países da America Latina e, principalmente, da Argentina. Conhece em Buenos Aires (ou em Paris - afirma Le Pera, ao contrário de Gardel) o brasileiro Alfredo Le Pera e compõe com este o seu maior sucesso: "El Dia que me Que Quieras". Em seguida, estréia nos Estados Unidos, na Radio NBC de Nova York e num pequeno estudio de New Jersey (nunca esteve em Hollywood); participa de vários filmes. Conhece nas filmagens um menino argentino que não largava seu pequeno e artesanal bandoneon, entre uma figuração e outra nos filmes. O nome do menino? Astor Piazzola.A esta altura é famoso em todas as partes do mundo. Antes de tentar uma grande excursão pela Europa e por todos os estados norte-americanos, já em meados dos anos trinta Gardel resolve testar a si mesmo em Pátrias mais próximas onde todos o entenderiam. Assim, programa uma gigantesca turnê pela America Espanhola que, em 1935, precisamente no dia 24 de junho, acaba de maneira trágica em Manizales, Colômbia, onde o bimotor que o levaria a Cali explode a poucos metros do solo. Le Pera estava a bordo.Com Gardel morreu um dos mitos mais discutidos e misteriosos de todos os tempos. Com Gardel morreu um gênio. Curiosamente o que não morreu com ele foi o tango. Gardel, na verdade, o eternizou.