Menos de um ano após a assinatura do Ato Institucional nº 5, que instaurou a fase mais dura do regime militar, com cassações de direitos políticos em massa e prisão e torturas de adversários, estreava em São Paulo a montagem brasileira do musical Hair, no palco do Teatro Aquarius, mais tarde Teatro Zaccaro, no bairro do Bixiga.
A iniciativa, ousada para a época, deveu-se a Ademar Guerra, responsável por várias realizações pioneiras do teatro brasileiro e que vinha de uma temporada exitosa com a polêmica peça Marat/Sade, de Peter Brook.
Ademar e o produtor Altair Lima tiveram que vencer várias dificuldades. Primeiro, a descrença de empresários teatrais de que era possível montar um musical do porte de Hair no Brasil. Depois de vencida esta resistência, veio outro problema: a censura.
A montagem original era repleta de cenas em que os atores apareciam nus, o que desagradou a censura. Seguiu-se uma penosa negociação e, ao final, os censores concordaram em que a nudez dos atores seria mostrada apenas uma única vez na peça, em uma cena com apenas um minuto de duração e na qual os atores deveriam permanecer absolutamente imóveis.
Apesar das restrições, Ademar deu um tratamento requintado à cena, que caiu no gosto do público e da crítica e é lembrada até hoje como um dos grandes momentos do teatro brasileiro.
Hair marcou a estréia de vários jovens atores e atrizes, que depois se tornaram famosos por suas atuações no teatro, cinema e televisão. O elenco inicial era composto por Armando Bogus, Sônia Braga, Maria Helena, Altair Lima, Benê Silva, José França, Neusa Maria, Marilene Silva, Laerte Morrone, Aracy Balabanian, Gilda Vandenbrande, Bibi Vogel e Acácio Gonçalves.
Sônia Braga, então com 18 anos, foi a grande estrela da peça, mas quase ficou de fora do elenco, pois não contava com a simpatia do diretor Ademar Guerra e só foi aceita por conta da insistência de Altair Lima. Entre os que se encantaram com Sônia, estava Caetano Veloso que compôs Tigresa em sua homenagem. Sônia era a tigresa de unhas negras e íris cor de mel, que trabalhou no Hair.
Ao longo da carreira da peça, que se estendeu até 1972, entraram as atrizes Ariclê Perez e Edyr Duqui (que depois faria parte do grupo musical As Frenéticas) e os atores Antonio Fagundes, Nuno Leal Maia, Ney Latorraca, Denis Carvalho, Buza Ferraz e Wolf Maia.
A direção musical da peça foi de Cláudio Petraglia, a coreografia, de Márika Gidali e a tradução das músicas para o português, de Renata Pallotini.
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Hair - 1969
Fonte:Wikípédia
Direção: Ademar Guerra
Produção: Altair Lima
Elenco(original):
Armando Bogus
Sônia Braga
Maria Helena
Altair Lima
Benê Silva
José França
Neusa Maria
Marilene Silva
Laerte Morrone
Aracy Balabanian
Gilda Vandenbrande
Bibi Vogel
Acácio Gonçalves
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2 comentários:
Galera!!!!
Deve ter sido realmente inesquecível a montagem. E por falar nisso, por acaso alguém teria o texto do espetáculo para postar aqui e a gente reler?
Incrível mesmo. Aliás, estou à procura do texto em português... por favor, se alguém souber ou ter, me manda um mail: pricalazans@uol.com.br
abraços
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