BOAS VINDAS E EXPLICAÇÕES

TEMPORARIAMENTE FORA DO AR!!!!

Primeiramente....bem vindos ao blog , espero colaborar um pouquinho com a divulgação desse meio maravilhoso que é o dos musicais! As atualizações estão muito difíceis por causa da tremenda falta de tempo que eu tenho ultimamente, espero que logo mais eu possa me empenhar mais aqui no blog! Deixem seus comentários, eu faço de tudo para respondê-los mesmo que demore e os respondo nos próprios comentários!se tiver correções tbm mande...mas eu naum sei qdo vou poder corrigir!! Se você tiver novidades também me procure (POR FAVOR) porque assim fica mais fácil quando eu tiver tempo para vir por aqui!
Desde já agradeço a todos!

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Botequim


O texto de Gianfrancesco Guarnieri, encenado em 1973, é tanto uma metáfora sobre a situação política do país como também uma imagem do próprio teatro, encurralado pelos tempos de repressão. É uma das produções representativas do teatro de resistência.
A peça se passa dentro de um velho botequim, espécie de oposição às mudanças impostas pelo desenvolvimento econômico, onde um grupo heterogêneo de freqüentadores fica preso durante uma noite de tempestade. A alegoria e a narrativa, que em dado momento instaura a festa em lugar do desespero, faz com que se considere uma possível inspiração no teatro do absurdo. No entanto, é como análise social que ela se configura, fazendo de cada personagem a expressão crítica de um dado comportamento diante da situação adversa. O cenário realista de Arlindo Rodrigues reproduz os elementos e as características dos estabelecimentos antigos, a sonoplastia ambienta a situação com um constante som de chuva, a direção de Antônio Pedro se concentra sobre os comportamentos e as ações das personagens.
Roberto de Cleto, no jornal Última Hora, assim resume as qualidades do espetáculo: "Um cenário de Arlindo Rodrigues muito bonito, que reconstitui com perfeição velhos botequins do Rio, hoje quase inexistentes. Uma interpretação absolutamente sensacional de Oswaldo Louzada, de uma verdade tão grande que às vezes a gente tem a impressão que frases que ele está dizendo não são absolutamente de Guarnieri, mas dele mesmo, tal a sinceridade com eu soam. Uma garra e uma verdade também muito grandes de Marlene".1
Aldomar Conrado, no Diário de Notícias, ressaltando a direção seca e direta, comenta o desempenho dos atores em cada personagem: "Na condução dos atores, Antonio Pedro revela-se excepcionalmente seguro. Não existe um ator sequer a quem fazer restrições. Evidente alguns se sobressaem pela própria oportunidade que os personagens lhe oferecem, mas o nível geral é de rara qualidade. Marlene (em que sempre admiramos a cantora e sempre duvidamos do talento de atriz) explode no Botequim com uma força, uma garra, que lhe garante, de antemão, uma nova carreira cheia de sucesso. Isolda Cresta estava precisando, há muito tempo, da oportunidade que Olga lhe oferece. E a atriz cria um personagem pungente, rico em sutilezas, certamente o melhor momento de sua carreira (...). Louzadinha - Oswaldo Louzada, vivendo um Carrapato com profunda humanidade. Ivan Candido, com extrema correção, num personagem totalmente impossível: o operário. Thaia Perez e Eduardo Tornaghi interpretam com uma sinceridade comovente os dois jovens estudantes, que no final da peça são considerados 'contaminados' pelas autoridades sanitárias. Alvim Barbosa e Toninho Vasconcelos com os Encapados pareceram-nos à vontade demais. Para André Valli, um destaque especial. O Túlio criado por André terminou me acompanhando até agora. Eu não consigo esquecer aquele ar pungente de quem é leitor da seção Cartas do Leitor, de quem nunca prevaricou, de quem sempre grita estrangulado. Um personagem, enfim, que termina sendo um pouco protótipo de todos nós, na nossa impossibilidade de gritar mais alto. E que André Valli realiza com muita segurança".2
Numa época em que o realismo se desgastava como estilo preferencial de denúncia e reflexão política, Guarnieri consegue se manter no fio da navalha: escapa à censura e envia sua mensagem ao público por meio de uma metáfora mais humana do que didática.
Notas
1. CLETO, Roberto de. Botequim. Última Hora, Rio de Janeiro, 07 mai. 1973.
2. CONRADO, Aldomar. Botequim (o espetáculo). Diário de Notícias, Rio de Janeiro, sem data
Fonte: Itau Cultural

Nenhum comentário: