Espetáculo dirigido em 1966 por Ademar Guerra para o Teatro da Esquina, uma sátira bem-humorada sobre acontecimentos ligados à Primeira Guerra Mundial.
O texto é uma criação coletiva, com origem no trabalho da diretora inglesa Joan Littlewood sobre improvisações do Theatre Workshop, grupo que ocupa o Theatre Royal, num bairro operário londrino. Tendo estagiado na Alemanha, Littlewood apreende a metodologia brechtiana, sendo seu trabalho voltado para as causas sociais.
Oh, What a Lovely War!, título original, é uma espécie de revista musical ou musical em quadros centrada sobre diversas angulações da Primeira Guerra Mundial, destacando quer acontecimentos nos campos de batalha, quer as repercussões causadas nos grandes centros urbanos, influenciando a vida cotidiana de toda a Europa.
Nascidas de improvisações, são muitas as personagens e situações flagradas com o objetivo de fornecer um amplo painel da absurda empreitada bélica, sem deixar de lado a sátira, o burlesco, o humor implícito àqueles acontecimentos.
Ademar Guerra concebe um espetáculo ágil, dinâmico, explorando fartamente o numeroso elenco em cenas de multidão e na composição de tipos bem marcados. A música de Cláudio Petraglia, orquestrada por Paulo Herculano, constitui-se num dos pilares da montagem, ao lado da coreografia de Márika Gidali (parceira constante nos trabalhos de Ademar); dos cenários de Campello Neto (que sugere um automóvel em cena) e figurinos de Ninette van Vüchelen, somatória de esforços sabiamente orquestrados pelo encenador. Irina Grecco, Cacilda Lanuza, Stênio Garcia e Paulo Goulart capitaneiam um numeroso e entrosado elenco.
O empreendimento é a segunda montagem do Teatro da Esquina, associação entre Irina Grecco, Armando Bógus, Antunes Filho e o próprio Ademar Guerra, que pretendiam erguer um teatro em São Paulo, projeto que não se concretiza.
Nas palavras do crítico Alberto D'Aversa, o sucesso da realização ocorre porque "essa originalidade formal é garantida pela aplicação, livre e não bitolada, dos princípios do teatro épico de Bertolt Brecht, que permitem uma variedade constante na interpretação dos atores e uma liberdade de crítica não decorrente das situações e dos caracteres (que praticamente não existem), mas das ilustrações visuais e textuais. A guerra é vista e analisada em termos de 'burleta', com uma comicidade desmistificante que sempre consegue atingir o alvo e com uma penetração crítica que oportunamente movimenta o interesse dramático desde o terreno da ocasião para os territórios de uma participação ou de uma adesão, mais profunda e meditada. É, no fundo, uma visão de Chaplin no Grande Ditador".1
O Teatro da Esquina produz dois novos espetáculos em seguida: A Megera Domada, de William Shakespeare, em 1967, e A Cozinha, de Arnold Wesker, em 1968, ambas sob a direção Antunes Filho.
Notas
1. D'AVERSA, Alberto. 'Oh, que Delícia de Guerra!'. Diário de São Paulo, São Paulo, 12 out. 1966.
Fonte:Itau Cultural
Elenco:Irina Grecco
Cacilda Lanuza
Stênio Garcia
Paulo :Goulart
Direção: Ademar Guerra.
Ano: 1966
Local: Teatro Bela Vista
(em breve imagens)
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